domingo, 11 de janeiro de 2009

Não me fales assim.

Madalena, já te tinha dito para não me dirigires a palavra assim, dessa maneira tão bruta. Nunca me mintas e enfrenta-me como mulherzinha honrada que és. O bailarico que tu foste, foste mas é para o engante que eu sei. Ah pois sei, sim senhora, que a viuva do Hélder, aquele que era motorista do eléctrico 34 e que morreu atropolado na Rua das Oliveiras, em frente ao Hospital, ela viu-te a bailaricar com o motorista de táxi careca, o tal que tu chamas o seu nome durante a noite. Madalena, não me mintas mais, não me fales assim, não sejas desavergonhada.

Meu pobre pai, diz o Janeco da padeira

A Emengarda da padaria daqui do bairro, faz uns bolos muito bons para eu vir aqui comer enquanto enterro mais um pobre coitado, mas como estava a dizer, a Emengarda tem um filho, desgraçadito, que se chama Janeco. O pobre do rapazola tem o pai preso por roubar na farinha do pão.

Mariscada na praia

Adoro o verão. As moçoilas todas quase desnudadas, a passear o bronziado pelas areias deste meu querido Portuga.

A Palmira já encabou

A Palmira durante muito tempo só via os quatros canais, sem nada que a motiva-se a ser feliz. No outro dia, decidiu instalar o cabo. Assim, passou a ter muitos canales para se entreter nas suas noites vadias de solidão em casa de seus falecidos pais.


A fonte atrofiada

Uma destas noites conheci o Carlos Alfaiate, depois de colocarmos os restos mortais do seu sogro numa cova bem funda e à medida. Fomos beber uma minis e comer umas moelas ali perto da Mouraria. Foi muito engraçada a noite. Ouvimos uma belissima rapariga a cantar. Ai como me senti emocionado por todo o meu corpo!

A contagem final em Xabregas

As saudades que eu já tinha dos meus ricos anos 8o. Ah, como era bom ser jovem de novo. E agora, enquanto olho para as cinzas do Ti Manel ali guardadas numa caixa de sapatos, por debaixo da gaveta das gravatas que eu uso nos funerais, recordo com tristeza a minha amada Júdite. Ai como nós bailavamos ao som desta canção.


Casa nocturna

Hoje, aqui sozinho a enterrar estas ossadas do marido da D. Carmelita, que mora ao funda da Rua do Pregão, ao lado da peixeiria, dou por mim a trotear esta bela melodia.